Presidente da FETHESP e secretário de Finanças da UGT-SP, Rogério Gomes, foi o coordenador regional do evento
A União Geral dos Trabalhadores do Estado de São Paulo – UGT-SP realizou, nesta terça-feira (26/09), a palestra “Reforma da Previdência: O que o seu sindicato precisa saber?”, sediada pelo SIEMACO-SP (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo), na capital paulista. Participaram do evento aproximadamente 200 delegados de mais de 50 entidades sindicais filiadas à UGT-SP.
A palestra foi organizada pela Coordenadoria Regional da Central Estadual, composta pelo secretário de Finanças da UGT-SP e coordenador regional de São Paulo, Rogério Gomes, em conjunto com os diretores estaduais José Gonzaga, Francisco Xavier da Silva Filho, Daniela Souza, Edson André dos Santos Filho e Marcísio Moura.
Coordenação Regional de São Paulo da UGT-SP
O encontro, que encerrou a série de seis palestras sobre a reforma da Previdência (Proposta de Emenda à Constituição – PEC 287/2016) realizadas pelas Coordenadorias Regionais da UGT-SP no Estado, foi dividido em três apresentações, com abertura pelos diretores e pelo presidente da Estadual, Luiz Carlos Motta, pelo vice-presidente da UGT nacional, Roberto Santiago, e pelo presidente do SIEMACO-SP, José Moacyr Malvino Pereira, anfitrião do evento.
“A UGT-SP fez esse trabalho no Estado inteiro para dividir informações com os sindicatos filiados. Esperamos, com isso, que todos saiam com mais conhecimento para que possamos lutar juntos por todos os trabalhadores representados pela central e tentar, de uma vez por todas, derrubar essa reforma previdenciária, que só veio a prejuízo dos trabalhadores e da sociedade brasileira”, disse Rogério Gomes.
Presidente da UGT-SP, Luiz Carlos Motta, discursa na abertura da palestra
O presidente da UGT São Paulo, Luis Carlos Motta, ressaltou a importância do ciclo de palestras, que foi realizado pelas regionais de Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Campinas, São José dos Campos, São José do Rio Preto, sendo finalizado com grande sucesso na capital. Motta enfatizou ainda a necessidade de o movimento sindical estar preparado para eleger candidatos que possam representar os trabalhadores na Câmara dos Deputados em Brasília, uma vez que, atualmente, a bancada da classe trabalhadora é muito pequena. "Está na hora de discutirmos a questão partidária, pois os trabalhadores estão votando em pessoas que não os representam”, disse o sindicalista, que concorrerá a uma vaga no Congresso Nacional em 2018.
Para o vice-presidente da UGT Nacional, Roberto Santiago, é fundamental aumentar a representatividade trabalhista no Congresso Nacional, pois, com a brusca redução da bancada, projetos como o da reforma trabalhista e da terceirização foram aprovados sem a devida atenção na Câmara e, com isso, os direitos dos trabalhadores estão cada vez mais ameaçados.
Vice-presidente da UGT nacional, Roberto Santiago, falou sobre a importância de eleger representantes dos trabalhadores para a Câmara dos Deputados em 2018
“Precisamos implementar a discussão política no meio sindical. É preciso conversar e conscientizar os trabalhadores sobre a importância da representatividade em Brasília, na Câmara dos Deputados. Afinal, os trabalhadores estão votando em pessoas que, definitivamente, não os representam”, alertou Santiago, anunciando sua pré-candidatura a deputado federal.
Iniciando os trabalhos, a coordenadora de Pesquisas do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Patrícia Pelatieri, apresentou números sobre a seguridade social atual e quais serão as consequências para o povo brasileiro, caso a reforma da Previdência seja aprovada em Brasília.
Segundo a especialista, a proposta do governo vai inviabilizar a aposentadoria para a grande maioria da população, sobretudo os mais pobres, com efeitos sociais extremamente prejudiciais, como a permanência dos mais velhos no mercado de trabalho e a dificuldade de reemprego de pessoas desempregadas; dificuldade de ingresso dos mais jovens no mercado de trabalho; desincentivo à busca do emprego formal; desestruturação do mercado de trabalho e ameaça às contribuições previdenciárias pela redução do padrão salarial; sobrecarga da mulher (nos cuidados com crianças e idosos); corrosão da confiança na Previdência pública; entre outros fatores.
Coordenadora de Pesquisas do DIEESE, Patrícia Pelatieri
Ainda de acordo com Patrícia, a reforma da Previdência proposta pelo governo quer impor uma regra rígida e igual para uma sociedade muito desigual, o que irá aprofundar o abismo social no País. “A reforma irá criar um exército de pessoas sem renda, que não vão conseguir se aposentar, e levará para as ruas muitos aposentados que não têm nenhuma renda”, disse.
A segunda palestra foi ministrada pelo secretário de Seguridade Social da UGT-SP e presidente do SINDIAP (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), Natal Léo, que falou sobre o substitutivo da proposta original da reforma da Previdência, que, segundo ele, corrige algumas distorções, mas ainda mantém medidas extremamente duras. “O substitutivo mantém restrições de uso de tempo rural em aposentadoria urbana; mantém restrições para conversão de tempo de atividade insalubre em comum para aposentadoria; aumenta a idade para gozo do benefício assistencial e reduz direitos pelo critério de renda familiar integral”, exemplificou o sindicalista.
Secretário de Seguridade Social da UGT-SP, Natal Léo
Por fim, o vice-presidente da UGT-SP e presidente do Sindicato dos Comerciários de Tupã, Amauri Mortágua, apresentou três vídeos que mostram em estatísticas que as contribuições e tributos arrecadados, que deveriam ser destinados à seguridade social, vem sendo utilizados para outras finalidades pelo governo. “O sistema previdenciário é superavitário, mas a União descumpre a Constituição Federal ao aplicar em outras áreas o dinheiro que deveria servir para pagar os aposentados”, disse. “Isso gera falso déficitna Previdência.”
De acordo com dados do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, em 2015 foram desvinculados R$ 66 bilhões da Previdência, Saúde e Assistência Social. Importante ressaltar também que a Previdência não é sustentada apenas com contribuições dos empregados e empregadores, mas também por recursos embutidos em cada produto consumido pela população.
Vice-presidente da UGT-SP, Amauri Mortágua
Amauri relembrou ainda que somente as dívidas previdenciárias de grandes empresas e bancos, que são devedores contumazes, seriam suficientes para reequilibrar as contas da Seguridade Social, mas o governo, além de não cobrar os devedores, permite renúncias fiscais bilionárias. “Tivemos 32 Refis nos últimos anos”, afirmou o sindicalista.
No encerramento do evento, os coordenadores regionais de São Paulo informaram que a coordenação, juntamente com a diretoria gestora, farão uma reunião de avaliação sobre a possibilidade da construção de uma agenda de visitas aos deputados federais de São Paulo para pressionar os parlamentares em Brasília a votarem contra a proposta de reforma.