Por Augusto do Jornal
Alguém acredita no governo do presidente Michel Temer? Certamente, a maioria dos brasileiros vai responder: “Não”.
Ao substituir Dilma Rousseff na cadeira da Presidência, Temer iniciou o governo que eu considero de “faz de conta”. Começou logo com o corte de investimentos em áreas essenciais e apontou a sua artilharia contra os trabalhadores com as já aprovadas leis da Terceirização e da Reforma Trabalhista.
Em paralelo, o presidente e sua equipe prepararam a tão propagada Reforma da Previdência. Afinal, tinham de honrar com os grandes bancos (seus patrocinadores) o plano de desestabilizar a Previdência Pública para favorecer a venda dos planos de Previdência Privada.
Feitos os cálculos da votação da Previdência, o governo avaliou que o projeto seria derrotado no plenário da Câmara dos Deputados – não havia votos suficientes. Então, o que fazer?
Que tal uma decisão midiática capaz de tirar de cena o debate da Previdência e redirecionar os holofotes para um tema bem atual como a violência no Estado do Rio de Janeiro? Truco! Decretada a Intervenção Militar...
Ao mesmo tempo, foi preciso considerar outros fatores nos bastidores do cenário político atual: 1 – Em ano de eleição em que a direita (ou se preferirem, o establishment) não tem candidato forte, vai que Temer se fortalece com a Intervenção e possa sair candidato a presidente. 2 – O centro e a esquerda também estão com suas pré-candidaturas capengas. Lula é exceção, aparece na frente das pesquisas, mas carrega interrogações. Pode ou não ser preso. Pode ou não ser candidato. 3 – Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro crescem na captação de votos, ainda que timidamente. 4 – Já os candidatos outsiders estão sem força para atrair os eleitores. O apresentador global Luciano Huck seria o único diferencial, mexeria bastante na correlação de forças PT versus PSDB. Huck, porém, declarou não sair candidato.
E com todo esse imbróglio na política, o governo “faz de conta” de Temer segue o ritmo das decisões erradas. Com a Intervenção Militar, criou mais um Ministério, o da Segurança Pública, sem necessidade, e federalizou aquilo que é de responsabilidade dos estados e municípios. Bene Barbosa, presidente do Instituto Viva Brasil, avalia com precisão que a federalização da Segurança Pública “não deu certo em lugar nenhum do mundo”.
Certo é que o governo não vai eliminar ou conter a violência no Rio de Janeiro, já que isso é tarefa complicada, necessita de bom planejamento, estratégia, controle da entrada de armas ilegais, combate efetivo ao tráfico de drogas ... Sem contar que a violência está diretamente ligada a fatores como a falta de Educação, Saúde, Habitação, Emprego.
Em todo o país, são aproximadamente 13 milhões de desempregados. Fora o número de trabalhadores informais e de subempregados. É muita gente!
Acredito ainda que o presidente Temer não tem moral para tratar questões de Segurança Pública, quando ele próprio usou de toda a violência para eliminar dos trabalhadores brasileiros vários direitos históricos conquistados na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), nas convenções e acordos coletivos firmados entre sindicatos de trabalhadores e sindicatos patronais.
A esperança que fica na verdade é eleger em outubro alguém na Presidência com vontade de trabalhar com honestidade para tornar o Brasil um país mais justo, menos desigual, cujo povo não precise de ações militares federais para conter a violência nas ruas e nem da continuação de erros do governo “faz de conta” de Michel Temer.
José Augustinho dos Santos, o Augusto do Jornal, é presidente do Seecmatesp, 2º vice-presidente da Fethesp e diretor nacional de Finanças da CGTB