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Notícias 19/3/2018 10:5:12 » Por Augusto do Jornal Atualizado em 20/3/2018 16:52h

As lições de Rússia e Japão para o país do futebol

Augusto do Jornal: Com toda essa lama de corrupção no esporte brasileiro, sobra olhar pra fora e ver os exemplos de excelente planejamento na organização de competições na Rússia (Copa do Mundo de Futebol 2018) e no Japão (Olimpíadas Tóquio 2020)




Por Augusto do Jornal

A população brasileira precisa viver a cada dia com a esperança de ver um país mais justo, menos corrupto, sem ao mesmo tempo esquecer a responsabilidade de votar certo nas eleições de outubro.  Um pouco antes disso, em junho, vale toda a torcida para o Brasil ser campeão da Copa do Mundo de Futebol na Rússia.  Que venha o sexto título, para encher o peito de orgulho. Afinal, o Brasil ainda é o país do futebol, capaz de revelar craques como Neymar, Gabriel Jesus e outros atletas consagrados no passado: Pelé, Garrincha, Rivelino.

Porém, antes de continuar o tema sobre 2018, cabe voltar ao ano de 2014, naquela comoção nacional por mais uma Copa do Mundo no Brasil. A segunda edição, a segunda decepção. Decepção não só pelos 7 gols a 1 na derrota para a Alemanha. Decepção também por tudo o que se fez de errado desde a escolha do país como sede dos jogos.

Foi no ano de 2007 que se decidiu pelo Brasil. Na época, em Zurique, na Suíça, Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, disse que a Copa de 2014 seria realizada somente com recursos privados.

Cinco anos depois, em 2012, o discurso e os preparativos já haviam tomado outro rumo, e o governo do ex-presidente Lula administrava a organização do evento, com nomes no Comitê Organizador Local do Mundial (COL). Os gastos quase que totais viriam então através de dinheiro público – do bolso dos brasileiros, em outras palavras. A ganância de grandes empreiteiras, amparadas pelos parceiros organizadores, produziu a construção de gigantescos estádios, superfaturados, hoje, com a maioria de suas cadeiras vazias, em capitais com clubes sem expressão nacional e com poucos torcedores locais. Dinheiro público jogado pelo ralo, enquanto a população ainda sofre por não ter boa saúde, boa escola, segurança, moradia, transporte de qualidade.

E com a organização das Olimpíadas 2016 no Rio de Janeiro, a corrupção e a gastança exagerada do dinheiro público não foram diferentes. Importante lembrar que a comitiva brasileira foi a maior entre as cidades (Tóquio, Madrid e Chicago) que disputavam o direito de ser sede: 60 pessoas foram em 2009 a Copenhague, na Dinamarca, com tudo pago pela União. De novo, dinheiro do povo. Entre os representantes brasileiros na Comitiva estavam políticos e outras personalidades que atualmente acumulam processos na Justiça, como o ex-presidente Lula – julgado em segunda instância e condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do apartamento triplex no Guarujá; o então presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman – preso em 2017 (e depois solto) por denúncia de seu envolvimento na compra de votos para a escolha do Rio como sede das Olimpíadas; e o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral – preso atualmente em Curitiba, após ter sido julgado e condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Com toda essa lama de corrupção no esporte brasileiro, sobra olhar pra fora e ver os exemplos de excelente planejamento na organização de competições na Rússia (Copa do Mundo de Futebol 2018) e no Japão (Olimpíadas Tóquio 2020). No caso dos russos, os investimentos nas reformas de estádios e infraestrutura para a competição serão bem maiores que o Brasil, porém, não há notícia de corrupção, desvio de verbas, ou situações similares. Os organizadores entendem também que a Copa trará benefícios sociais e econômicos ao povo daquele país. Já no Japão, a mania de perfeição dos nipônicos está refletida nos preparativos para as próximas Olimpíadas em Tóquio. Acreditem: o dinheiro gasto por eles será menor que o previsto. Lá, a ordem é não erguer novas construções e sim aproveitar aquelas que já existem. Além disso, há todo um preparo relativo à sustentabilidade e ao uso de tecnologia de ponta. As lições desses dois países servem para refletir que o Brasil precisa melhorar muito.

E no âmbito municipal, na cidade de Ferraz de Vasconcelos, continua o árduo trabalho de sempre priorizar o esporte como educação, lazer, em eventos com poucos recursos, muito suor, sem apoio e dinheiro público, na organização de campeonatos de futebol amador e em outras competições.

José Augustinho dos Santos, o Augusto do Jornal, é presidente do SEECMATESP, 2º vice-presidente da FETHESP e diretor nacional de Finanças da CGTB


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