Por Augusto do Jornal
O Brasil vive em um regime democrático desde 1985, com o fim da Ditadura dos governos militares que se sucederam a partir do golpe de 1964. E o que se entende por democracia? O filósofo grego Aristóteles a definiu como um governo de muitos. A raiz do nome já explica tudo: demo (povo) e cracia (governo).
Na prática, porém, a democracia brasileira está engatinhando, não aprendeu a andar com as próprias pernas, apesar de seus atuais 33 anos. A cada eleição, os políticos eleitos que deveriam trabalhar em favor de todos, privilegiam apenas os mais próximos, pois não têm capacidade para administrar, ficam presos a esquemas, a irregularidades.
É como disse outro filósofo, o francês Joseph-Marie Maistre, “cada povo tem o governo que merece”. O diagnóstico então é certo: o povo brasileiro vota errado. Consequentemente, por conta das escolhas mal feitas, a vida piora a cada eleição.
E para aprofundar a análise desse tema, vale conhecer a opinião do jornalista J. R. Guzzo, da Revista Veja, reproduzida em seu artigo “Errando para pior”. Guzzo afirma que “no Brasil as pessoas estão mais ou menos convencidas de que existe uma situação democrática por aqui; há muitos defeitos de funcionamento, claro, mas temos um sistema judiciário em funcionamento, o Congresso está aberto e há eleições a cada dois anos, a próxima delas daqui a sete meses. Os analistas políticos garantem que o regime democrático brasileiro ‘está amadurecendo’. Quanto mais eleições, melhor, porque é votando que ‘o povo aprende’. A solução para as deformações da democracia é ‘mais democracia’. O eleitorado ‘sempre acerta’. E por aí segue essa conversa, com explicação em cima de explicação, bobagem em cima de bobagem, enquanto a vida real vai ficando cada vez pior”. E Guzzo alfineta ainda mais:
“Não ocorre a ninguém, entre os mestres, comunicadores e influencers que nos ensinam diariamente o que devemos pensar sobre os fatos políticos, que um fruto que está amadurecendo há trinta anos não pode resultar em nada que preste. Como poderia, depois de tanto tempo? A cada eleição, ao contrário da lenda, os eleitos ficam piores. Esse Congresso que está aí, no qual quase metade dos deputados e senadores tem algum tipo de problema com a Justiça, é o resultado das últimas eleições nacionais. De onde saiu a ideia de que as coisas vão melhorando à medida que as eleições se sucedem?”
Essas reflexões de J. R. Guzzo servem de lição para cada um de nós lembrar o passado, em quem votamos (seja para presidentes, governadores, deputados, senadores, prefeitos e vereadores) até chegar aos dias atuais, na realidade em que vivemos, com o aumento brutal da violência, a desigualdade social, a falta de emprego, de educação e saúde de qualidade, de transporte digno.
A realidade do país é sofrível, ainda estamos assistindo ao desenrolar da Operação Lava Jato, com a Justiça sendo aplicada a boa parte dos envolvidos em casos de corrupção, que revela o quanto se desviou dos cofres públicos, do dinheiro do povo, para favorecer políticos e empresários.
O presidente da República é ilegítimo, subiu ao cargo após o impeachment da ex-presidente, e vem cometendo um conjunto de arbitrariedades contra os trabalhadores brasileiros, seja na Lei da Terceirização, seja na Reforma Trabalhista.
Outubro está próximo. Só para o cargo de presidente, mais de dez nomes já se apresentam na condição de pré-candidatos. Será nossa responsabilidade: eleger governadores, senadores, deputados e o futuro presidente. O tempo é de renovação, de escolher pessoas diferentes, novas na política, mais capacitadas, sem os vínculos de corrupção como a maioria dos que ocupam as cadeiras dos governos e assembleias estaduais, da Câmara, do Senado e da Presidência da República. O país não pode suportar mais erros!
José Augustinho dos Santos, o Augusto do Jornal, é presidente do SEECMATESP, 2º vice-presidente da FETHESP e diretor nacional de Finanças da CGTB