Por Augusto do Jornal
A prisão do ex-presidente Lula nos faz pensar na história recente da política brasileira, em que o Partido dos Trabalhadores (PT) saiu da posição de coadjuvante, passou a ser protagonista com a ascensão do primeiro líder sindical à Presidência da República, e chega agora a uma situação crítica, jamais vivida.
Lula preso representa o fim de um ciclo, que muda totalmente a correlação de forças da próxima disputa ao cargo de presidente, já que o ex-presidente pontua como favorito nas últimas pesquisas eleitorais. Certamente, o PT não tem hoje um segundo Lula.
E o caminho petista, desde a sua fundação em 1980, foi traçado por vitórias e também por muitos erros.
Um dos primeiros grandes erros aconteceu em 1985, com a ausência da bancada federal do Partido dos Trabalhadores na votação indireta para presidente que elegeu Tancredo Neves. Na época, dois deputados – Airton Soares e Beth Mendes – não seguiram a orientação da legenda, votaram em Tancredo, e acabaram expulsos do PT. Por pouco, o erro da direção da legenda não contribuiu para eleger Paulo Maluf, adversário de Tancredo, como presidente.
Outra mancada petista: seus deputados votaram contra a Constituição de 1988, inclusive Lula, que cumpria seu único mandato na Câmara.
E mais um erro clássico do PT aconteceu em 1993, após a saída de Fernando Collor da Presidência, o vice-presidente Itamar Franco assumiu a cadeira e convidou todos para iniciar um governo de coalizão. A opinião não foi compartilhada pelos petistas, que ainda suspenderam a deputada federal Luiza Erundina por ela ter aceitado participar do governo Itamar.
A mania de ser rebelde sem causa era a prática do PT. Em 2000, se posicionou contra a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal. O que motivou os petistas a isso: o simples fato da lei ser de autoria do governo de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB – grande adversário de Lula e do partido.
No ano seguinte, nova oposição petista, dessa vez contra a criação de programas sociais como o Bolsa Escola e o Vale Gás. O discurso de Lula e de seus companheiros na época era de que tais programas estavam voltados apenas para a obtenção de votos, não resolviam os problemas da população, da pobreza. Tempos depois, o PT, já no governo federal, mudou o nome de Bolsa Escola para Bolsa Família, ampliou o número de beneficiados, e aí sim transformou o programa num grande cabide eleitoral.
E para não insistir na apresentação de tantos erros do PT acumulados, importante agora é olhar pra frente, na construção de um país diferente, sem essa corrupção envolvendo os governos (não só do PT), seus administradores, e os principais fornecedores de serviços e de dinheiro lavado.
A construção de um novo país deve passar pela implementação de programas mais eficazes, que garantam efetivamente: a eliminação da Fome, a elevação dos níveis de Educação, a melhora no atendimento à Saúde, a sensação efetiva de Segurança, o aumento dos Empregos, a diminuição da Desigualdade, o respeito a todas as Raças e Gêneros . . .
O Brasil de 2019 tem de amanhecer com um presidente melhor, sem Michel Temer ou alguém do MDB, sem o candidato do PT, sem o candidato do PSDB, sem Bolsonaro do PSL. O voto em cada cargo – de presidente da República até deputado federal e estadual – precisa ser de qualidade, em gente capaz de tirar o Brasil dessa posição negativa, caótica, que assiste ao ex-presidente Lula na cadeia, condenado a 12 anos e um mês em segunda instância por crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
José Augustinho dos Santos, o Augusto do Jornal, é presidente do SEECMATESP, 2º vice-presidente da FETHESP, diretor nacional de Finanças da CGTB, e pré-candidato a deputado federal pelo PPL
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