Por Augusto do Jornal
O Brasil continua no topo da tabela dos países mais desiguais do mundo. É muito triste saber que mesmo após o sucesso dos programas de inclusão social dos governos de Lula e Dilma na Presidência, ainda existem diferenças brutais.
Programas como o Bolsa Família e o de cotas para acesso às universidades iniciaram uma inversão na realidade desigual presente na sociedade. Porém, tais medidas alternativas conseguiram mudar somente um pouco a base da pirâmide. Quem estava em condição financeira muito miserável passou a encostar na camada da classe C.
Infelizmente, a administração do PT não mexeu com os mais ricos, que continuaram incólumes, pois suas rendas são extremamente concentradas. Aí está uma constatação incrível, já que a concentração de renda nas mãos dos mais ricos no país é bem maior em termos percentuais do que em nações mais desenvolvidas. Enquanto no Brasil, 1% do segmento mais rico detém 23% da renda total; na França, 1% fica com apenas 11%. Outro dado chocante: os 5% mais ricos recebem, por mês, o mesmo que os demais 95% juntos, apontou recentemente a socióloga Kátia Maia, diretora- executiva da ONG Oxfam.
Além de concentrar muito dinheiro, os mais ricos pagam menos impostos que os mais pobres e têm privilégios na obtenção de créditos. Os recursos do BNDES muitas vezes são distribuídos injustamente. O que era para o desenvolvimento social, vira capital fácil na mão de poucos afortunados.
A desigualdade social brasileira também tem outra faceta, cruel, que recai sobre os negros, especialmente os homens jovens da periferia, vítimas de homicídios. De acordo com o levantamento Custos Econômicos da Criminalidade no Brasil, os homicídios praticados contra os negros subiram de 55% no ano de 2000 para 75% em 2015. Em outras palavras, a desigualdade se divide dentro da própria desigualdade que existe na base da pirâmide. E tem mais: os trabalhadores negros recebem em geral salários menores na comparação com os trabalhadores brancos.
Existe saída, então, para reduzir tantas injustiças? Uma das soluções é a Reforma Tributária – tão prometida pelos governos passados. Se for bem implantada, eliminará o peso dos impostos pagos pelos mais pobres e pela classe média, aumentando, ao mesmo tempo, a tributação dos mais ricos. Ao mesmo tempo, será preciso tributar lucros e dividendos, acabar com os subsídios, as concessões e os regimes especiais. Também é fundamental reduzir os impostos (PIS, CONFINS, IPI, ICMS) para diminuir preços e estimular o consumo de todos. E com o volume maior de dinheiro arrecadado, o governo poderá investir em gastos sociais.
Há ainda outras opções que terão que acontecer para melhorar a vida do povo. Certamente, isso dependerá da saída definitiva do presidente Michel Temer e de parlamentares envolvidos em casos de corrupção. Os brasileiros não aguentam mais tanta sujeira.
Até as eleições, em outubro, os eleitores brasileiros deverão ficar atentos ao novo quadro político, às novas ideias, aos novos candidatos. A tarefa é uma só: valorizar o voto e eleger quem realmente tenha compromisso de reduzir as injustiças na distribuição de renda. Assim, nascerá a esperança da construção de um país mais igual para todos!
José Augustinho dos Santos, o Augusto do Jornal, é presidente do SEECMATESP, 2º vice-presidente da FETHESP, diretor nacional de Finanças da CGTB, e pré-candidato a deputado federal pelo PPL