Por Augusto do Jornal
A maquiagem e o marketing político de Jair Bolsonaro (PSL), eleito presidente da República no último dia 28 de outubro, não vão mudar o jeito hostil do ex-capitão do Exército.
Contra ele, durante seu mandato como deputado federal, alguns processos foram abertos devido às suas infelizes declarações. Em 2017, afirmou em discurso no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, que negro quilombola “nem para procriador serve mais”. Na época da votação do impeachment da presidente Dilma, em 2016, ele fez uma homenagem ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra – velho conhecido por torturar presos políticos no período da Ditadura. E em 2011, o mesmo Bolsonaro manifestou-se de forma preconceituosa a respeito de negros, no programa CQC, ao responder à cantora Preta Gil sobre como ele reagiria se um de seus filhos se apaixonasse por uma mulher negra: “Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco e meus filhos foram muito bem educados”.
Lamentavelmente, por contar com a imunidade parlamentar prevista na Constituição, tais processos contra o deputado Bolsonaro acabaram arquivados.
O presidente eleito ainda coleciona mais acusações, sendo réu em duas ações penais que correm no STF por incitação ao estupro e injúria contra a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). Ao jornal Zero Hora, ele chegou a afirmar que a parlamentar “é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria”.
As polêmicas em torno de Jair Bolsonaro se acumulam. Suas posições, antes e durante a campanha eleitoral, são recheadas de conservadorismo e preconceito contra homossexuais, negros e mulheres. Agora, em entrevistas após a confirmação de sua eleição, o presidente eleito tenta mostrar-se moderado, compromissado com a democracia, seguidor da Constituição Brasileira, fiel a Deus.
Na prática, o que está por trás desse político híbrido, de duas faces, gera medo e desconfiança em muita gente. Todos sabem que um dos motes que alavancou o crescimento de seus votos foi a promessa de armar a população, num velho discurso de que isso vai diminuir a violência e a bandidagem. Será?
Por outro lado, seus mais de 57 milhões de eleitores estão confiantes, eufóricos, e acreditam num Messias tupiniquim capaz de fazer verdadeiros milagres.
Pessoalmente, eu me recuso a “já ir” acostumando com Bolsonaro. Com ele e seu vice, general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), não confio em tempos de paz para o Brasil e os brasileiros.
E mesmo com todos os erros do PT que favoreceram também a ascensão do nome de Bolsonaro, o candidato Fernando Haddad representava uma alternativa de esquerda e centro-esquerda capaz de aglutinar forças e fazer mais e melhor ao nosso país.
Estamos alertas!
José Augustinho dos Santos, o Augusto do Jornal, é presidente do SEECMATESP, 2º vice-presidente da FETHESP e diretor nacional de Finanças da CGTB