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Notícias 21/12/2018 14:20:27 » Por Augusto do Jornal

Bolsonaro, os fantasmas e as frutas no caminho

Popularmente falando, tanto a Wal do Açaí, quanto Fabrício e demais funcionários de Flávio são considerados “fantasmas” ou “laranjas”




Por Augusto do Jornal

Durante a disputa para a eleição de presidente da República, mais de 57 milhões de eleitores acreditaram no discurso de Jair Messias Bolsonaro a favor da ética e da honestidade na política. O bordão de campanha, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, tinha o objetivo de passar a ideia de um novo governo capaz de salvar a nação.

Além das “promessas divinas do Messias”, havia também a polarização PSL X PT que tomou conta das ruas, dos debates nos botequins, das conversas de família, do conteúdo do WhatsApp, Facebook e outras mídias. Estava estabelecida a velha luta do bem versus o mal. Bolsominions se achavam todos do lado do bem; enquanto petistas e outros eleitores de Fernando Haddad eram empurrados para o lado do mal. Assim, ficava mais fácil camuflar a incompetência de Bolsonaro.

Com a vitória nas urnas, o presidente eleito Jair Bolsonaro logo se mostrou disposto a montar uma equipe de governo competente (segundo ele), sem a prática do toma lá dá cá dos políticos do passado – aquela turma considerada pelos bolsominions como corruptos, fisiológicos. A postura, porém, não se fez na prática: dos 22 ministros indicados para o governo, muitos tiveram a indicação das bancadas de partidos aliados, como o DEM, por exemplo. O balcão de negócios certamente se intensificará com os novos deputados federais e senadores que assumirão os cargos em fevereiro. Não tem como aprovar projetos sem oferecer nada em troca. Pouco a pouco cairão as máscaras do “Mito” e do “Messias”.

E essa conduta do toma lá dá cá já vem de longe no clã da família Bolsonaro. Primeiro foi a história mal contada de uma de suas secretárias parlamentares, Walderice Santos da Conceição, que vendia açaí na praia, em Angra dos Reis, durante o período de expediente em que a mesma deveria comparecer ao trabalho na Câmara dos Deputados.

Outra denúncia, recente, envolve o filho de Jair, Flávio Bolsonaro, no período em que ocupou o cargo de deputado estadual no Rio de Janeiro. O motorista e ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz movimentou mais de R$ 1 milhão em conta-corrente pessoal, inclusive com cheques depositados a favor de Michelle Bolsonaro, futura primeira-dama. E outros assessores do mesmo gabinete depositaram valores expressivos na mesma conta do ex-motorista.

Popularmente falando, tanto a Wal do Açaí, quanto Fabrício e demais funcionários de Flávio são considerados “fantasmas” ou “laranjas”. Em outras palavras, toda essa dinheirama funcionava como uma espécie de pedágio e boa parte dos salários pagos provavelmente era desviada para outros fins. Daí se entende por que a moça do Açaí não dava plantão em Brasília.

E pra continuar no tema das frutas, a ministra indicada para ocupar o novo Ministério de Mulher, Família e Direitos Humanos, a pastora Damares Alves, jura de pés juntos ter visto Jesus Cristo subir no pé de goiaba. É louca! Não, é goiaba!

A realidade é uma só: fantasmas e frutas estão no caminho de Jair Bolsonaro. Antes de sua posse, em 1º de janeiro de 2019, o escândalo dos laranjas de seu filho já comprometeu a moral e o discurso do governo que se dizia diferente de todos na política. Teve muita gente que acreditou; felizmente, outros tantos duvidaram. Assim, os próximos capítulos serão bem interessantes para saber o que vai acontecer após o depoimento de Fabrício Queiroz.

Certo é que o vice-presidente eleito General Hamilton Mourão assiste de camarote a todo esse imbróglio. Louco pra ver o cabeça da chapa cair e assumir a Presidência da República.

Será que Deus salva Jair Bolsonaro?

José Augustinho dos Santos, o Augusto do Jornal, é presidente do SEECMATESP, 2º vice-presidente da FETHESP e diretor nacional de Finanças da CGTB


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